Protensão em Pilares Tirantes – Estudo de Caso

Evehx Engenharia

A arquitetura contemporânea oferece novos desafios para a engenharia. E, soluções que utilizem a técnica de concreto protendido se tornam cada vez mais necessárias para tornar possível a realização de projetos desafiadores. Veremos a seguir um estudo de caso de uma obra realizada pela Construtora Greenwood – especializada em construções residenciais e comerciais de alto padrão, com premissa em qualidade dos serviços e materiais utilizados, sustentabilidade e tecnologia. A protensão da obra foi executada pela Evehx Engenharia, onde foram aplicadas soluções diferenciadas para um projeto inovador.

A obra, localizada em Curitiba, Brasil, conta com quatro níveis: subsolo, térreo, superior e cobertura. O projeto possui metragem total de 1150 m², terreno com vista elevada para a área de preservação ambiental e objeto de integração com a natureza. 

Roberta Pfeiffer Jirascheck, arquiteta e proprietária, desenvolveu um projeto baseado em arquitetura moderna com influência escandinava. O conceito arquitetônico foi aplicado em ambientes amplos e integrados, com a valorização dos elementos estruturais em concreto aparente e o uso de materiais naturais como madeira, pedra e piso em mármore. Para suportar o pavimento superior não era possível seguir com os pilares que suportavam o térreo e por conta da vedação em vidro e um ambiente amplo no mesmo pavimento, era necessário um controle rígido de deformação.

Foto fachada

A arquitetura também limitou a espessura da laje do pavimento superior em 25 cm, e por conta do vão de 13 m e balanço de 5 m em suas piores direções, foi necessário pensar em uma solução.  O projetista estrutural Eran Fraga já é conhecido por dimensionar estruturas elaboradas e criativas. Vencedor do “Prêmio Talento Engenharia Estrutural”, reconhecido pela ABECE Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural e Gerdau em 2014, ele desenvolveu uma solução em concreto protendido para a residência. 

A execução da protensão dependia de uma empresa com amplo know how em métodos, normas e procedimentos, capaz de atender todas as especificações. Dessa forma, a Evehx Engenharia, maior indústria de matérias para estruturas protendidas da América Latina, foi a escolhida para executar o projeto.

Forma Pavimento superior

Todas as lajes foram protendidas com cordoalhas não aderente de ½ polegada e pela limitação de altura no pavimento superior não era possível projetar vigas e laje com espessura superior a 25 cm para resistir os esforços devido ao vão e ao balanço.

O pavimento da cobertura era igualmente desafiador com balanço de 6,1 m, porém era possível trabalhar com vigas protendidas de maior espessura.

Forma Pavimento Cobertura

O Projetista decidiu criar dois tirantes em concreto que suportam o pavimento superior a partir do pavimento da cobertura. Os tirantes (pilares) funcionariam como peças tracionadas para suportar o pavimento superior. Solução conhecida em obras com restrições em pilares de transição. Com o auxílio de vigas protendidas com maior flexibilidade em suas alturas, foi possível transferir e suportar os esforços do pavimento superior.

Corte
Foto Corte Execução
Foto Corte Finalizado

O traçado dos cabos da Viga 2 localizada na cobertura possuía um perfil de acordo com a solicitação exigida pelos tirantes de concreto (pilares tracionados) que a mesma suportava.

Perfil dos cabos em Viga 1 e Viga 2

Peças tracionadas estão mais suscetíveis a fissuração. A obra possui um acabamento impecável e a necessidade de manter um alto padrão construtivo. Não era possível correr o risco de fissurar um pilar. 

Com a utilização da pós-tensão, o projetista comprimiu tirantes (pilares tracionados) com barras roscadas para a otimização do espaço. Esse método é frequentemente utilizado em sistemas de tirantes de contenção e pontes.  A ideia era comprimir os pilares tracionados a ponto que os esforços solicitantes de tração fossem menores que a compressão inserida pela protensão na peça. 

Cada pilar possuía duas barras roscadas na longitudinal que deveriam receber 60 tf em cada barra para o pilar tirante 1 e 45 tf em cada barra para o pilar tirante 2. As barras roscadas protendidas possuíam bainhas corrugadas para que a protensão fosse aderente ao concreto.

Seção transversal tirante

Para a acomodação dos tirantes, fez-se um transpasse na armadura inferior da viga Viga 1 para não correr o risco de se “levantar” a armadura. Como a Viga 1 possuía apenas 25 cm de espessura, era necessária uma chapa de apoio embutida para colaborar com a dissipação dos esforços de compressão ocasionados pelo apoio da viga nos tirantes.

As barras roscadas possuem uma alta resistência a cisalhamento, os estribos e a seção em concreto não seriam suficientes para suportar o efeito de força cortante na Viga 1 ocasionados pelos tirantes protendidos. Portanto, também foram acomodadas quatro barras transversais roscadas não protendidas a fim de resistir aos esforços de cisalhamento ou corte puro.

Esse dispositivo ainda tem o objetivo de assegurar a transferência de carga da viga para os tirantes. Os pilares tracionados foram protendidos pela cobertura, e a Evehx realizou a injeção da nata de cimento pelo pavimento superior com o auxílio de uma bomba injetora para garantir que não houvesse bolsas na nata de cimento e para ampliar a aderência do concreto nas barras roscadas.

Seção transversal transpasse

O resultado foi uma obra segura, inovadora e com alto padrão construtivo. As soluções em protensão realizadas permitiram que o projeto arquitetônico fosse realizado com total fidelidade, garantindo a estética e a execução dentro dos mais altos níveis de eficiência.

Proprietário: Roberta Pfeiffer Jirascheck

Arquitetura: Sum_architecture

Engenheiro Estrutural: Eran Fraga 

Construtora: Greenwood

Protensão: Evehx Engenharia

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